terça-feira, 1 de junho de 2010

Chimangos e Caramurus no século XXI

Marcio Almeida - professor e Historiador.

Outro dia fiquei espantado com o grau de insipiência das pessoas, uns alunos certo dia fizeram a seguinte colocação “por que tenho que estudar história?”o respectivo professor da erudita disciplina respondeu: “a análise do passado e a chave da compreensão do presente”, nisto a aula seguiu seu curso normal, apesar de tais ocorrências me deixar espantado, afinal são alunos do ensino médio, acredita -se que tenham certa visão de mundo, saindo da escola passei numa banca de jornal e dei de cara com a seguinte notícia: “ Dilma passa Serra em pesquisa eleitoral”, algumas pessoas estavam discutindo a matéria, isto claro no tocante a manchete de capa, uns defendiam a candidata da situação, outros claro o da oposição, existia um que comentava acerca da terceira via, esta com a candidata dos verdes que preconiza um ecocapitalismo,esta tinha menos intenção de votos, entretanto um pouco de conhecimento histórico acalmaria a acalorada discussão, isto me fez lembrar a indagação feita pelos meus alunos em aula, a situação discutida pelas pessoas em volta da banca me levou ao período regencial da história brasileira, aonde os grupos políticos lutavam ferozmente como nos dias atuais pelo poder.
Nestes dias regenciais tínhamos dois grupos dominantes, os chimangos e caramurus, estes a grosso modo, eram a elite dominante, entretanto tinham peculiaridades, os chimangos eram moderados da época, encontravam – se no poder e procuravam garantir os interesses das elites dominantes do país, mas antenada com as mudanças que estavam ocorrendo no mundo, os caramurus eram também pertencentes a mesma elite dominante, entretanto tinham uma visão retrógada, reacionária, portanto não queriam aceitar os ventos do progresso, pelo contrário queriam uma espécie de retorno ao período absoluto, entretanto estas divergências eram apenas em relação a aspectos da condução da política do país, pois quando era algo que ameaçava os interesses das elites as divergências eram postas de lado em nome da “ normalidade”, logo o principal inimigo das elites eram os liberais exaltados que exigiam mudanças profundas no país. Em nossos dias também temos chimangos, caramurus e exaltados, no primeiro grupo podemos alocar tanto o PT quanto o PSDB, primeiro porque estes possuiu o mesmo projeto de desenvolvimento, este de matriz capitalista, neoliberal, segundo a divergência é em torno da execução deste projeto de pais, os petistas entende que o estado deve orientar este projeto, em contrapartida os tucanos defendem que a iniciativa privada deve ser a protagonista do processo, ou seja, do desenvolvimento, terceiro nenhum dos dois partidos tem o objetivo de mexer na política econômica, esta de acordo com a economia de mercado, seguindo, portanto uma tendência mundial.
No segundo grupo poderíamos colocar o PMDB e o DEM, estes que simbolizam aquilo que existe de mais retrógado, vil e maquiavélico em termos de política, reis do fisiologismo político, defensores de regimes e movimentos reacionários, aonde temos como maior exemplo a ditadura civil – militar que existiu de 1964 – 85 no Brasil, principalmente o DEM que nada mais é do que a aintiga UDN e mesmo o PMDB que formou a oposição permitida pelos militares, ou seja, para inglês ver, portanto estes sempre tiveram no poder, mais grave ainda é termos no atual governo uma aliança poderosa entre PT – PMDB, assim como no governo tucano tivemos a dobradinha PSDB – DEM (este na época chamava – se Partido da Frente Liberal - PFL), em face disto podemos perceber que os defensores das elites sempre tiveram no poder, somado a isto temos o fato de um dos atuais defensores do status co ter deixado o discurso mais ideológicos para adotar uma linha menos contestadora, moderada, seguindo a linha de diversos partidos de esquerda, principalmente na Europa, ou seja, tiveram que adequar – se a economia de mercado, a grande questão é que o antigo partido da mudança encontra – se muito a vontade dentro do status co dominante, entretanto estes partidos logo unem forças ou abrandam o discurso quando algo ameaça os interesses dos mesmos, veja a questão do ficha suja ou limpa, fizeram tantas alterações que o projeto perdeu a essência, em face disto fica claro que as divergências entre os grupos é meramente em relação a condução política do país, entretanto fica a pergunta: quem seria os radicais? Acredito que nesta categoria poderíamos colocar o PSOL, PCB e principalmente os movimentos sociais, estes são os grandes opositores do projeto hegemônico em curso no país, em face disto podemos observar que as discussões em torno Dilma e Serra é meio que malhar em ferro frio, entretanto é inegável que a gestão Lula foi muito mais satisfatória do que as antecessoras, tanto que a oposição ficou sem discurso contra o atual governo, pois como criticar algo que eles preconizaram, ou seja, a economia de mercado, nisto eles são de fato chimangos e caramurus, isto mostrar como é importante o estudo de história, pois o mesmo proporciona uma capacidade única de compreensão acerca da realidade.

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