quinta-feira, 30 de julho de 2009

Os anormais.

Márcio C. Almeida
Historiador
A sociedade atual caminha para um processo de homogeneização, aonde todos devem ter o mesmo comportamento, costumes, gostos e etc, contribui muito para isto o processo conhecido como globalização, este que analisado historicamente é um eufemismo para o velho processo de colonização, em face disto o paradigma cultural, política e principalmente econômica são a face mais visível da dominação das potências capitalistas, ou seja, os paises desenvolvidos frente os homônimos em desenvolvimento. Outra forma de dominação das grandes potências ocorre mediante a cooptação das elites dominantes locais, isto é, dos paises em desenvolvimento, estas a partir de então passam a ser negadoras da cultural do respectivo país e defensoras de valores exógenos, logo todas as pessoas que colocam – se à margem deste projeto hegemônico da sociedade são classificadas como anormais, isto ocorre pelo fato destas pessoas terem uma atitude crítica em relação a sociedade atual, todos aqueles que passam a ter uma atitude socrática frente a esta sociedade sofistica torna –se alvo de perseguição, temos uma mídia que ridiculariza todas as manifestações da cultura popular, nacional, somente as expressões culturais das elites dominantes recebem o devido tratamento, logo podemos constatar que no mundo atual não existe espaço para uma conduta alternativa, fora da imposição pasteurizada da sociedade contemporânea.

Somado a esta triste realidade estamos assistindo o retorno do conservadorismo, temos a adequação do velho puritanismo o limiar do século XXI a realidade atual, podemos observar o respectivo avanço no crescimento da intolerância tanto no plano étnico, social e religioso. Em termos étnicos o quadro não mostra novidade, pois tudo aquilo que não está dentro do padrão é marginalizado, seja criminal ou socialmente, podemos inclusive ser nas duas formas, veja o tratamento dado pelas forças de segurança nas periferias das grandes cidades, na loucura de busca pelo corpo perfeito e etc, em termos sociais basta observa o tratamento dado aos locais fora das áreas nobres fica claro a inferioridade que as populações destas regiões são vistas e justamente nestas que o conservadorismo é trabalhado dado o fato das pessoas destas regiões em tese ter menos acesso a escolarização, logo em teoria o número de pessoas com capacidade de reflexão é menor, logo percebe a relação entre o conservadorismo e a religião o que é algo distinto da religiosidade, isto porque a podemos perceber o avanço na perseguição das religiões fora da matriz cristã a mesma ocorre pelo fato das expressões religiosas de origem afro – indígena ser vista como o diferente, o anormal, logo sofre perseguição pelo fato das mesmas não enquadrarem –se naquilo que a sociedade pasteurizada, homogeneizada, de orientação burguesa julga como correto e todos aqueles que criticam esta conjuntura são rotuladas como anormais, pois não aceitam o enquadramento, o rótulo, enfim a capitulação frente ao projeto hegemônico de sociedade.

Em face disto podemos observar que as lutas travadas pelos grupos de vanguarda nos anos 60 e 70 não atingiram todos os objetivos, pois lutaram pela liberdade, mas o que temos hoje é uma sociedade pautada na liberalidade, ou seja, que deturpou a ideia de sociedade livre e colocou em voga um modelo licencioso, este que permite as pessoas agir sem responsabilidade, isto definitivamente não é uma atitude crítica em relação à sociedade, mas apenas a face permissiva desta sociedade que tenta adequar os anseios de liberdade com a respectiva atitude, algo que não deixa de ser mais uma face do conservadorismo, este que é uma forma de enquadramento da sociedade atual. Logo podemos perceber que uma atitude oposta à sociedade atual implica numa marginalização por parte da mesma, portanto cabe aos heróis anormais não capitular frente a opressão feita pela atual sociedade, esta que tenta homogenizar a todo custo os seres humanos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um dia para refletir

Márcio C. Almeida

Historiador



O Dia 20 de julho, mês quem vem do latim Julius e que foi criado pelo ditador romano Caio Julio César em homenagem a si mesmo também celebra o dia do amigo, mas que significado possuiu esta data nos dias atuais, estes marcados pela liquidez, fragilidade, precariedade e etc. A respectiva data está de acordo com a sociedade burguesa capitalista ,esta que prega a competitividade acima de qualquer coisa, aonde a satisfação individual é mais importante que o bem estar geral da comunidade, efetivamente esta data corresponde a um amor philia ou é mais um dos ritos que nós humanos criamos para lembrarmos as antigas praticas que verdadeiramente de amizade, tal nível de amorosidade é possível numa sociedade aonde felicidade é sinônimo de capacidade de consumo, de tamanho de conta bancária, formada por pessoas que aproximam – se de você não pelo que o individuo é, mas por aquilo que o individuo pode proporcionar financeiramente.

Segundo o celebre filosofo grego Aristóteles grande entusiasta do amor philia (amizade em grego) dizia que para existir um funcionamento pleno numa comunidade era necessário que os membros da mesma fossem amigos uns dos outros, pois só a amizade poderia garantir o bem estar geral da comunidade, inclusive este é o grande motivo que coloca o estagiarita como um dos grandes críticos da democracia, pois a mesma não partia de princípios que visassem o bem estar geral da comunidade a partir do amor philia, mas sim a partir dos interesses da maioria e estes nem sempre é o de todos, algo que podemos observar até os nossos dias, em face disto devemos refletir sobre a presente data olhando para o passado refletindo o presente, será que realmente somos solidários enquanto amigos, aliás quem são nossos amigos, somente aqueles do nosso circulo social ou todos os habitantes da comunidade, temos verdadeiramente uma atitude de amizade para com aqueles que precisam de nós, neste tempos de individualismo exacerbado aonde o diferente é mal visto e as amizades e os relacionamentos são virtuais existe espaço para amizades reais, acredito que a resposta passe justamente pelo contato com o ser humano, este que a cada dia vem sendo desumanizado pela sociedade tecnológico – cientifica dado a frieza da ciência frente a questões que esta para além da pura racionalidade. Portanto temos novamente a necessidade de um novo mito do bom selvagem, para humanizar aquilo que é legitimo do homo sapiens, para resgatar aquilo que há de mais sublime entre os seres humanos, o amor philia, ou seja, a amizade. Feliz dia do amigo a todos.