Nos últimos dois meses quando explodiu
nas ruas de todas as capitais e grandes cidades do Brasil uma onda de
protestos, revolta e indignações em geral, duas palavras ganharam o noticiário
nacional, estes são os termos vândalos e vandalismo, a mídia oficial claramente
disputou a pauta das manifestações e fizeram de tudo para criminalizar os
grupos que tinham uma postura mais radical que fugia daquilo que a mídia
hegemônica consagrou como perfil correto, “bacana” de se manifestar, ou
seja, estabeleceu o confronto entre aqueles
manifestantes sem ideologia, mas em muitos casos movido por um sentimento
legitimo de indignação e que tinha uma postura supostamente pacifista e aqueles
ligados a grupos, movimentos sociais diversos que tinham uma postura mais
combativa, radical.
Entretanto o que é ou são os vândalos?
Bom primeiro que os vândalos eram um entre outros tantos povos de origem indo –
européia e/ ou ariana que viviam para além das fronteiras do império romano no
rio Reno no atual território da Alemanha e no Danúbio no leste europeu, estes
povos era aquilo que os romanos chamavam pejoricamente de bárbaros, isto é,
aquele que não partilhavam da cultura e dos valores de Roma. Estes povos em
dado momento começaram a penetrar aos poucos no império romano e a partir do
momento em que os Hunos começaram sua escalada de conquista os mesmos invadiram
Roma em sucessivas ondas de ataques e invasão aos territórios romanos, entre
estes os que mostravam a maior ferocidade era justamente os vândalos, estes
assim como outros povos bárbaros destruíam tudo aquilo que lembrava a opressão
dos dominadores romanos. Em face disto os atos realizados pelos vândalos
passaram a ser taxados de vandalismo, entretanto a destruição dos símbolos
romanos não ocorria pelo simples prazer
de ver os mesmos destruídos, mas sim pelo fato dos símbolos romanos lembrar aos
vândalos e demais povos bárbaros todo processo de destruição e escravização
destes povos por parte dos romanos.
Sendo assim todas as manifestações,
protestos, levantes, insurreições e revoluções que tenha grupos que partem para
a destruição física , portanto violenta passou a ser taxada de vandalismo,
entretanto podemos perceber que tal classificação ocorre geralmente a partir do
momento em que símbolos do status quo são destruídos o que em tese estaria
correto, pois neste caso os manifestantes mais radicais estariam destruindo os
símbolos de opressão dos setores hegemônicos, entretanto o que faz a grande
mídia ligada aos setores hegemônicos da sociedade, esvazia o termo de seu
significado histórico para simplesmente lançar uma áurea negativa, trabalhando
a ideia de que as depredações são meramente atos cujo o objetivo é causar o
caos, o pânico pelo simples prazer de depredar tudo, quando na verdade se
observamos historicamente os chamados atos de vandalismo praticados pelos
Vândalos e nos séculos seguinte quando as pessoas na Europa medieval praticava
tais atos de destruição de cidades, igrejas, mosteiros e abadias faziam tendo por
referência a ideia de estarem destruindo símbolos da opressão e não praticando tais
coisas pelo simples desejo de destruir, portanto devemos lançar luzes a
história para não nos deixarmos enganar por um discurso midiático e claramente
parcial.
Por Márcio Almeida - Professor, escritor e historiador.
ATENÇÃO: Para ilustrar o texto tem no marcador vídeos um curta sobre essa questão chamado Vândalos & Baderneiros.
ATENÇÃO: Para ilustrar o texto tem no marcador vídeos um curta sobre essa questão chamado Vândalos & Baderneiros.