segunda-feira, 22 de abril de 2013

A farsa


Dia 22 deveria ser o dia da farsa
A farsa do descobrimento de uma terra
Que tinha dono desde sempre.

A farsa de que os europeus trouxeram
A civilização e a religião do amor
A evolução e a paz.

A farsa de que um novo mundo
Estava sendo construído, erguido
Erigido, enfim surgindo em terras
Desconhecidas de alguns.

A farsa foi empurrada goela abaixo
Por gerações a fio nos bancos escolares
Nos desfiles, nas teses históricas oficiais
Nestes 513 anos de farsas nacionais.   

(Márcio Almeida - professor e escritor)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Diretores ou capatazes eis a questão.


Os dias que estão sendo vividos na rede estadual de ensino do estado do Rio de Janeiro são provavelmente os mais sombrios dos últimos tempos, nunca esse estado foi tão leviatã quanto nesta gestão, podemos apontar aqui uma serie de medidas tomadas por este governo, nesta longa noite de horrores iniciada em 2006 e que continua no presente momento, em face disto no tocante à educação esta gestão que encontra – se no comando da SEEDUC transformou a mesma num bunker de maldades e vilanias contra os profissionais de educação, entretanto o objetivo destas linhas é atentar para um ponto em particular que sem que percebamos se torna à extensão dos tentáculos maldosos desta gestão autoritária, antidemocrática e inimiga da educação, do dialogo e da democracia, este ponto é justamente a ação das direções de escolas na rede estadual de ensino, pois na atual gestão foi implementada a escolha de diretores pelas vias de concurso através de seleção, entretanto a atuação destes “gestores” está muito longe de um verdadeiro diretor, somado a isso os antigos diretores estão sendo convocados pela secretaria a fazerem novas capacitações, como se essas pessoal não fossem capacitadas para o cargo, considerando que estes diretores mais antigos já acumularam experiências oriundas de outras gestões, mas o grande objetivo não é capacitar estas pessoas com aquilo que existe de mais moderno em termos gestão escolar e pedagógica, mas literalmente catequizar novos e antigos diretores para realização de metas traçadas pelos gestores oriundos de áreas que nada tem haver com educação, basta observar que no Rio de Janeiro o secretario estadual é um economista e quando um professor esteve à frente da pasta durou pouco por que queria trazer benefícios reais para os docentes e demais subordinados da pasta.

     Em face disto tais capacitações tem o claro objetivo de implantar a lógica privada dentro da esfera publica e mais, inserir este verdadeiro dragão da maldade, uma verdadeira peste ao estilo de Camus na esfera educacional, neste sentido os diretores tornam – se meros cumpridores de metas, tornando – se verdadeiramente gestores, pois estão ali apenas para implementar tarefas, metas e não mais para gerir, organizar e harmonizar o espaço escolar a partir da realidade apresentada pela comunidade escola a qual aquela unidade de ensino atende, em suma essas determinações simplesmente acabam com a autonomia daquela unidade de ensino, pois a mesma não pode mais dentro deste paradigma elabora uma proposta, um projeto pedagógico de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar atendida e pelo discente que freqüenta aquela unidade de ensino.

     Somado a isso a lógica privada coloca a competição, a disputa no seio das direções, pois agora as equipes não são mais formadas em função das necessidades da unidade de ensino, mas de acordo com a classificação destes indivíduos numa seleção interna, ou seja, os camaradas estão caindo nas escolas de para quedas sem ter o menor conhecimento da realidade daquela escola, muita das vezes tendo um posicionamento de oposição aos membros mais antigos das direções, estes que em muitas escolas são mais flexíveis quanto a horários, calendários, cronograma e etc. Por outro lado temos também diretores que fazem questão de seguir a risca as determinações da secretaria pouco importando a situação do docente e demais profissionais da educação da unidade a qual ele pertence, criando inclusive um clima ruim entre direções e docentes, entretanto muitas querem cumprir a risca, pois não querem perde suas gratificações, bônus e demais benesses que foram utilizada por esta gestão a frente da SEEDUC  para cooptar direções inteiras, pagando ilusoriamente bem aos membros de direções que no conjunto de escolas em numero ínfimos em relação aos docentes e deixando estes últimos a míngua com vencimentos que mal passam de 1000 reais e coloca alguns embustes para tentar enganar uma categoria extremamente pauperizada financeiramente, nisto temos a nítida impressão que os diretores se tornaram verdadeiros capatazes, algo que é lamentável considerando que os mesmo já estiveram em sala de aula um dia, mas como dizia Balzac celebre literato francês o capitalismo perverteu todas as relações, inclusive as escolares.   

Márcio Almeida - professor e escritor.