quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Saquaremas Modernos


Os escândalos ocorridos em Brasília deixaram exposta a face atual da política brasileira, atualmente não temos situação e oposição, vivemos na verdade uma versão pós – contemporânea dos tempos saquarema, mas antes de entrarmos na analise da atual cena política vemos rememorar o que foi o dito tempo saquarema, este correspondeu cronologicamente ao período do governo de Dom Pedro II, este tornou – se imperador mediante o golpe da maioridade*, portanto o filho de Dom Pedro I não tinha idade para tornar – se imperador, mas para garantir os interesses das elites dominantes foi orquestrado o golpe, logo tivemos inicio ao processo de acomodação dos interesses de liberais e conservadores, este divergiam apenas em pontos que os interesses se contradiziam, a partir do segundo reinado liberais tornaram – se semelhantes, inclusive foi cunhado um termo: “ nada tão liberal quanto um conservador e nada tão conservador quanto um liberal” por ai podemos observar o que foi este momento na política imperial brasileira, em nossos dias estamos assistindo a reedição deste tempos, pois o que estamos observando na atual política brasileira é um verdadeiro acórdão conciliatório, estamos observando alianças jamais imaginadas uma década atrás, PT x PMDB, PT x PSDB, esta ocorreu na Bahia e em Minas Gerais de forma extra oficial e pode ocorrer agora no senado, pois segundo os jornais está foi proposto um acordo entre PSDB e PT em relação a situação do presidente do senado, aliás estes dois partidos são o símbolo Maximo dos tempos saquarema moderno, pois qual é a grande diferença entre o projeto de poder dos tucanos e petistas, basicamente repousa no fato que para os tucanos o processo deve ser desenvolvido a partir da iniciativa privada, eles são liberais não dúvidas quanto a isso, o PT pensa que o projeto deve ser desenvolvido a partir de uma ação mista combinando estado e iniciativa privada, entretanto o mesmo em nenhum instante caracteriza –se como um autentico estado de bem estar (welfare) mas, sim como uma espécie de liberalismo social que foi na verdade o que ocorreu nos EUA e Grã – Bretanha nos anos 30 do século XX para salvar estes paises e o ocidente capitalista de um levante popular de orientação socialista, portanto o que o PT faz aqui é isto um autentico liberalismo social que o atual presidente chama de capitalismo de inclusão, mas uma coisa esta clara independente de sigla o projeto capitalista de sociedade continua inabalável, pois o partido que acreditava – se que mudaria os rumos do processo não só o manteve como foi inclusive mais ortodoxo do que os tucanos no tocante a economia seguindo a risca o mantra do FMI, banqueiros e larápios internacionais, em face disto podemos perceber que a diferença entre eles é meramente de ordem técnica, não existe um choque de projetos de nação porque os mesmos são semelhantes, a diferença caso ela exista é como ocorrerá a execução do projeto fora isso são iguais, em face disto podemos afirmar que estamos vivendo novos tempos saquarema, pois os interesses, projetos e ideais se aproxima e muito dos interesses capitalista a ligação é tão forte, estreita que os banqueiros, fiesp e etc são os primeiros a defende – lo das criticas, em contrapartida aqueles que não gozam das benesses do capital são os principais prejudicados, em face disto podemos afirmar sem medo vivemos os tempos saquarema no limiar do século XXI, quem diria!

Márcio C. Almeida - historiador

Homogenização Capitalista


A sociedade atual caminha para um processo de homogeneização, aonde todos devem ter o mesmo comportamento, costumes, gostos e etc, contribui muito para isto o processo conhecido como globalização, este que analisado historicamente é um eufemismo para o velho processo de colonização, em face disto o paradigma cultural, política e principalmente econômica são a face mais visível da dominação das potências capitalistas, ou seja, os paises desenvolvidos frente os homônimos em desenvolvimento. Outra forma de dominação das grandes potências ocorre mediante a cooptação das elites dominantes locais, isto é, dos paises em desenvolvimento, estas a partir de então passam a ser negadoras da cultural do respectivo país e defensoras de valores exógenos, logo todas as pessoas que colocam – se à margem deste projeto hegemônico da sociedade são classificadas como anormais, isto ocorre pelo fato destas pessoas terem uma atitude crítica em relação a sociedade atual, todos aqueles que passam a ter uma atitude socrática frente a esta sociedade sofistica torna –se alvo de perseguição, temos uma mídia que ridiculariza todas as manifestações da cultura popular, nacional, somente as expressões culturais das elites dominantes recebem o devido tratamento, logo podemos constatar que no mundo atual não existe espaço para uma conduta alternativa, fora da imposição pasteurizada da sociedade contemporânea.

Somado a esta triste realidade estamos assistindo o retorno do conservadorismo, temos a adequação do velho puritanismo o limiar do século XXI a realidade atual, podemos observar o respectivo avanço no crescimento da intolerância tanto no plano étnico, social e religioso. Em termos étnicos o quadro não mostra novidade, pois tudo aquilo que não está dentro do padrão é marginalizado, seja criminal ou socialmente, podemos inclusive ser nas duas formas, veja o tratamento dado pelas forças de segurança nas periferias das grandes cidades, na loucura de busca pelo corpo perfeito e etc, em termos sociais basta observa o tratamento dado aos locais fora das áreas nobres fica claro a inferioridade que as populações destas regiões são vistas e justamente nestas que o conservadorismo é trabalhado dado o fato das pessoas destas regiões em tese ter menos acesso a escolarização, logo em teoria o número de pessoas com capacidade de reflexão é menor, logo percebe a relação entre o conservadorismo e a religião o que é algo distinto da religiosidade, isto porque a podemos perceber o avanço na perseguição das religiões fora da matriz cristã a mesma ocorre pelo fato das expressões religiosas de origem afro – indígena ser vista como o diferente, o anormal, logo sofre perseguição pelo fato das mesmas não enquadrarem –se naquilo que a sociedade pasteurizada, homogeneizada, de orientação burguesa julga como correto e todos aqueles que criticam esta conjuntura são rotuladas como anormais, pois não aceitam o enquadramento, o rótulo, enfim a capitulação frente ao projeto hegemônico de sociedade.

Em face disto podemos observar que as lutas travadas pelos grupos de vanguarda nos anos 60 e 70 não atingiram todos os objetivos, pois lutaram pela liberdade, mas o que temos hoje é uma sociedade pautada na liberalidade, ou seja, que deturpou a ideia de sociedade livre e colocou em voga um modelo licencioso, este que permite as pessoas agir sem responsabilidade, isto definitivamente não é uma atitude crítica em relação à sociedade, mas apenas a face permissiva desta sociedade que tenta adequar os anseios de liberdade com a respectiva atitude, algo que não deixa de ser mais uma face do conservadorismo, este que é uma forma de enquadramento da sociedade atual. Logo podemos perceber que uma atitude oposta à sociedade atual implica numa marginalização por parte da mesma, portanto cabe aos heróis anormais não capitular frente a opressão feita pela atual sociedade, esta que tenta homogenizar a todo custo os seres humanos.


Márcio C. Almeida - historiador




terça-feira, 4 de agosto de 2009

Erotismo no limiar do século XXI

A sociedade do limiar do século XXI que vivemos é herdeira direta das conquistas obtidas pelos movimentos que militaram radicalmente nos anos 60/70 (estudantes, feministas, negros e etc) entre as reinvidicações estava a liberdade sexual, isto não implicava em atitudes licenciosas, muito menos irresponsáveis. Entretanto podemos observar que ao invés de termos sociedade erótica em sentido platônico, temos uma genitalização do erotismo, base da pornografia que é a face mais rasteira e embrutecida da dimensão sexual do erotismo, esta realidade no entanto é fruto da adequação da sociedade burguesa frente as mudanças que estavam ocorrendo a partir dos anos 60/70, portanto passamos a ter migalhas de erotismo, este na sua face genitalizada, aonde temos como símbolo maior o estilo “playboy” de vida, neste momento ocorre um bool na industria pornográfica com o surgimento de uma gama e materiais sobre o assunto que no inicio era impresso e nos dias atuais podem ser encontrados em qualquer esfera de comunicação, isto é, da mídia impressa à online, longe de querer negar a face genital do enlace erótico quando duas pessoas que desejam mutuamente e tendo por objetivo proporcionar prazer a ambos, pelo menos em tese, entretanto o grande problema é a redução do erotismo em nossos dias foi reduzida apenas a sua dimensão sexual com recorte genital, quando deveríamos estar experimentando as outras dimensões de Eros em nossas vida.
Mas o que explica esta genitalização é a necessidade de controle social, isto mesmo! Pode parecer até certo ponto estranho, entretanto vamos aos fatos a redução de Eros a mera genitalidade quebra a idéia de hedonismo que basicamente significa viver com prazer, ou seja, fazer coisas que lhe proporciona prazer e bem estar, proporcionando uma vida feliz, em contra partida a noção de felicidade dominante em nossa sociedade é aquela que repousa no consumismo, o mesmo coloca que o individuo deseja é possível desde que o mesmo possa comprar, isto impulsiona o consumismo algo que interessa ao capitalismo. Em face disto podemos perceber que o controle de Eros significa o cerceamento da liberdade, pois no momento em que o individuo significa o cerceamento da liberdade, pois no momento em que o individuo é alienado das outras possibilidades que o erotismo proporciona, isto é, quando o mesmo acredita que erotismo é mera genitalidade passo a ter o controle ou a sublimação do mesmo, devido ao fato que a energia, criatividade e sensibilidade que o individuo empregaria em atividades prazerosas passa a ser empregada no trabalho, isto impulsiona a economia o que é de interesse capitalista, outro fator a ser observado é que os parcos momentos de lazer e prazer ocorrem sempre no finais de semana, isto tem o objetivo de ter trabalhadores supostamente relaxados e melhor disposto para mais uma semana de trabalho.

Em face disto podemos perceber que Eros continua aprisionado em sua condição Tanatos, isto explica o sucesso de coisas com o sex shops, casas de swing, clubes de erotismo, isto ocorre devido ao fato destes locais os indivíduos poderem experimentar outras possibilidades que o erotismo oferece ainda que Eros não se resuma a sua face sexual, pois todas vezes que lemos um livro, bebemos com os amigos, ouvimos e/ou dançamos uma música que gostamos, estamos na verdade gozando de momentos prazerosos, ou seja, estamos exercendo o nosso Eros em sentido helênico, em face disto percebemos que o erotismo esta ligado a aquilo que proporciona ou dar prazer, fica claro que a nossa sociedade é carente de prazer devido ao fato de crer que tudo é possível de ser consumido, recebemos em troca migalhas de supostos prazeres quando na verdade aquilo que nos pertence é negado, logo temos que nos libertar desta opressão, pois cercear Eros significa controlar a sociedade e negar a liberdade a mesma em toda sua totalidade.
OBS: a imagem acima refere -se ao deus Eros divindade do amor.