terça-feira, 29 de novembro de 2011

A importância do Passado.

Márcio Almeida - professor e escritor.

O brasileiro é acusado de ser um povo sem memória, recentemente lecionando numa das minhas turmas ouvi a célebre pergunta “para quer estudar história¿” fiz a seguinte indagação, “quem aqui lembra um presente recebido aos dez anos de idade?” ninguém respondeu, ai fiz a seguinte colocação, aos dez anos recebi uma enciclopédia da minha mãe, anos mais tarde sou professor e tenho o hábito da leitura como algo de suma importância em minha vida, quem aqui lembra do primeiro lápis? sem ele ninguém aprenderia a escrever, a verbalizar num papel o que aprendeu, portanto o passado é de suma importância para uma sociedade, pois quem controla o passado tem o poder em suas mãos, pode inclusive jogar com mesmo, visando atender ou manter interesses de um determinado grupo.

O controle do passado é estratégico para o domínio de uma sociedade, pois o passado pode ser manipulado, por exemplo, todos dizem que a data oficial, como fala os portugueses, do achamento do Brasil é 22 de abril de 1500, entretanto em janeiro do mesmo ano uma expedição espanhola navegou pela costa brasileira e só não estabeleceram domínio sobre o Brasil, pois desembarcaram entre os estado do Rio Grande Norte e Pernambuco numa região controlada pelo índios “potiguares”, este praticavam a antropofagia, ou seja, devoravam carne humana.

Logo podemos perceber o interesse de se legitimar uma conquista e este fato é pouco abordado em livros de história e ciências humanas em geral, isto é pelo fato de o controle do passado favorece a estratos da sociedade, geralmente aquele que estão no poder, em posição de comando, por isso é necessário criar estereótipos sobre os grupos que estão em posição secundária, marginalizados dentro de uma sociedade é nisto que repousa “rótulos” do tipo índio é preguiçoso, negro é submisso, cigano é ladrão, judeu é pão duro, islâmicos são terroristas e etc. Em em face de compreensão do passado é fundamental para a construção de uma sociedade democrática de fato e não uma democracia formal que continua atendendo os ricos e colocando os demais estratos da sociedade em uma posição submissa, quando os brasileiros entenderem isso vão reduzir muito a célebre pergunta “para que estudar história¿’, mas a luta é árdua até chegarmos a este nível em nossa sociedade.